Telas Oled substituirão as LCD num futuro próximo

À serviço da LG e Samsung, pesquisador sul-coreano estuda como fabricar telas Oled maiores e mais baratas para TVs

Feira SID Las Vegas
Um dos assuntos do momento, pesquisadores e fabricantes de telas, se reúnem numa convenção anual em Los Angeles

Ro Jae-song, professor de ciência de materiais na capital sul-coreana, passou os últimos anos pesquisando uma tecnologia de telas chamada Oled (sigla em inglês para diodo orgânico emissor de luz), hoje usada em alguns dos celulares mais sofisticados.

Ro faz pesquisas sob contrato para as duas maiores fabricantes de eletrônicos do país, a Samsung Electronics e a LG Electronics, para tentar elucidar um problema difícil: como fabricar telas de Oled maiores para televisores.

É um dos assuntos quentes do momento para pesquisadores e fabricantes de telas, que se reúnem esta semana em Los Angeles na convenção anual da Sociedade para Display de Informações, conhecida pela sigla em inglês SID. Mais um encontro acadêmico que uma convenção setorial, o evento será repleto de engenheiros lançando suas últimas ideias para telas que vão das finas como uma folha de papel e que podem ser enroladas numa caneta às que têm o tamanho de outdoors de beira de estrada.

Algumas empresas estão desenvolvendo telas melhores para computadores tipo prancheta, os tablets. A Samsung e uma empresa americana chamada Nouvoyance anunciaram ontem uma tela de tablet com resolução mais alta. Também há uma corrida para aplicar a tecnologia de tato das telas de toque diretamente nas telas.

 

Laptop Samsung Tela Oled Transparente
Durante a CES, a samsung apresentou um conceito de notebook de 14 polegadas com uma tela OLED transparente

“No momento, o toque é feito fora da tela”, diz Jang Jin, professor do Centro de Pesquisa Avançada de Telas da Universidade Kyung Hee, em Seul, e ex-presidente da SID. “O que chamamos de ‘toque interno’ seria mais econômico para todos esses aparelhos que estão se popularizando cada vez mais.”

or outro lado, outras empresas propõem ideias para economizar eletricidade. Pesquisadores da 3M, por exemplo, vão exibir um novo projeto mais econômico para monitores de computador, que tira eletricidade do PC em que está conectado em vez de exigir uma tomada separada para a energia.

Entretanto, para os fabricantes de televisores, que faturam a maior parte da receita do setor, o foco é na tecnologia Oled como possível sucessora das telas de cristal líquido, ou LCD, como principal tecnologia para aparelhos de tela fina.

A Oled é mais brilhante e consome menos energia que o LCD. Mas existem poucos televisores de Oled disponíveis. A maioria dos aparelhos é pequena e custa milhares de dólares.

Os pesquisadores ainda não conseguiram descobrir como depositar o material orgânico na superfície ampla de uma tela do tamanho de um televisor com a velocidade necessária para fabricar milhões de unidades. “É o problema mais crucial para permitir a produção em massa de televisores de Oled”, diz Ro.

Nos anos 90, os pesquisadores enfrentaram um problema parecido com o LCD. A única maneira de aplicar igualmente o cristal líquido era deixar que seu vapor se espalhasse entre dois pedaços selados de vidro, um processo demorado demais.

Na convenção da SID em 2001, pesquisadores da IBM anunciaram um método de aplicação do cristal líquido que ficou conhecido como “preenchimento numa gota”. A ideia revolucionou a produção de LCD e, juntamente com avanços no tamanho do vidro, permitiu a produção rápida e barata dos grandes televisores de LCD que são comuns atualmente.

A busca por um avanço parecido na produção de telas maiores de Oled enfrenta uma restrição técnica importante. Enquanto só é preciso uma camada de cristal líquido numa tela de LCD, a de Oled, na verdade, precisa de três materiais orgânicos, um para o vermelho, outro para o verde e outro para o azul, cores a partir das quais todas as outras cores são criadas nas telas de vídeo.

A dificuldade é alinhar o material de Oled para que as cores mantenham a fidelidade numa área substancial. Assim como o cristal líquido nos anos 90, o material de Oled é depositado vaporizado no vácuo de um substrato e usam-se máscaras para alinhar as três camadas do material.

A técnica funciona muito bem nas pequenas telas de telefone celular, porém as máscaras tendem a criar deformidades quando são estendidas em superfícies maiores. O resultado é que o material de Oled fica distribuído de maneira imprecisa, criando borrões de cores e pontos mortos na tela. “Todo mundo está trabalhando nisso, todos os grandes nomes”, diz Ro.

Sua empresa, chamada EnSilTec, já cooperou com uma filial da Samsung para solucionar outro desafio à produção de Oled, envolvendo o substrato. Mas o trabalho delas é altamente competitivo e, no fim de semana passado, as duas companhias discutiam como fazer a revelação durante a apresentação marcada para a convenção.

 

Tela Oled LG
O novo modelo de tela Oled da LG será o mais fino do mercado. Com 31 polegadas e 0,28 cm de espessura. Um perfil 3 vezes mais fino que o televisor LED

Fonte: Valor